Na entrevista
As boas maneiras já começam na entrevista de seleção. A maioria das empresas exige o conhecimento básico da língua japonesa. Conhecer a língua não se resume somente a falar o idioma, mas absorver uma parte dos seus costumes e suas tradições. Quanto mais a comunicação se torna fluente, mais as chances de entender o porquê dos japoneses agirem de determinada maneira.
A primeira lição começa antes mesmo do funcionário se candidatar à vaga. Quem consegue mostrar que entende o jeito dos japoneses no processo de seleção já leva vantagem. Afinal, a dificuldade do relacionamento entre brasileiros e japoneses dentro das fábricas é um dos motivos que provocam desgaste para ambos e geram até demissões.
Quando for fazer uma entrevista de trabalho em japonês, evite simplesmente balançar a cabeça. Quem faz isso dá a impressão de desleixo, desinteresse e até arrogância. Responda sim ou não diante da pergunta do entrevistador. Se não souber ou não entender o que o entre vistador está dizendo, diga a verdade. Há casos de brasileiros que respondem “hai” (sim, em japonês) o tempo inteiro como se estivessem entendendo tudo.
O comportamento e a postura adequadas ganham mais pontos. Homens que ficam com as mãos no bolso e pernas cruzadas e mulheres vestindo saias curtas e blusas com decote são vistos com desconfiança. Tatuagem e piercing também não são vistos com bons olhos pelos empregadores. Cumprir o protocolo em uma entrevista é tão importante que a Gambare! já dedicou até uma reportagem de capa sobre o assunto.
Cumprimento Basico
Já na fábrica, a regra mais básica, mas uma das mais valorizadas pelos japoneses, é o aisatsu. Cumprimentar os colegas na chegada e saída do expediente faz parte das regras de boa convivência. Mesmo para aquele que não domina o idioma japonês, é recomendável ao menos aprender esses cumprimentos básicos. É um sinal claro de respeito à tradição japonesa. Os japoneses costumam dar mais abertura para os ocidentais que cumprem esse ritual simples, mas eficiente.
Siga as Normas
“Ninguém está aqui no Japão por obrigação. As pessoas vieram por conta própria e devem se adaptar à cultura local”, diz o dono de uma empreiteira que não quis se identificar. A frase, dita em um certo tom de irritação, tem seus motivos. Os brasileiros encontram dificuldades de se adaptar às normas japonesas, pois cresceram em um país mais descontraído e informal.É comum os casos dos brasileiros que levam “pitos” dos chefes por conversar além do necessário na hora do trabalho ou desligar a máquina mais cedo. É o tal “jeitinho brasileiro” usado na sua forma mais conhecida. A reincidência de advertências pode gerar até demissões. Segundo Janete Ono, da empreiteira San Jany, de Omaezaki (Shizuoka), são os jovens e adolescentes que mais desrespeitam as normas.
Outro problema freqüente que poderia ser facilmente evitado se refere ao uso de celulares.“Tem gente que vai ao banheiro somente para mandar e-mail pelo celular. Outros usam o aparelho no local de trabalho mesmo, quando acham que não tem ninguém olhando”, diz Janete. “Mas, na verdade, o chefe está reparando em tudo.” De uma forma geral, os celulares devem ficar no armário de cada funcionário e só devem ser checados na hora do almoço ou depois do expediente. “Com exceção dos líderes, que precisam estar com o telefone por perto no caso de alguma emergência”, diz.
Cada fábrica tem suas próprias normas e regulamentos. Tenha bom senso e reflita se existe alguma regra rígida demais que até atrapalha a produtividade. Se você discordar de alguma delas, nada impede de você questioná-las. Não diga simplesmente “estou de saco cheio disso ou daquilo”. O importante é sempre ter um argumento positivo que possa beneficiar tanto a empresa quanto os funcionários. Com isso, os dois lados saem ganhando.
Falta no Trabalho
Outro item fundamental é avisar com antecedência se precisa faltar no trabalho, além de seguir as regras da empresa. Caso não entenda a orientação, as empreiteiras aconselham a falar que realmente não compreendeu, ao invés de responder sim.
Sergio Masakadu, da empreiteira J.B Co Ltda, de Oizumi (Gunma), diz que a maior reclamação é a falta sem aviso e isso pode dar demissão.
Sergio Masakadu, da empreiteira J.B Co Ltda, de Oizumi (Gunma), diz que a maior reclamação é a falta sem aviso e isso pode dar demissão.
“Atualmente as fábricas não deixam chegar a três faltas desse jeito para decidir pelo corte”, diz. Já quando o motivo é por doença, ele aconselha a comunicar a seção do trabalho e a própria empreiteira. A funcionária Cecilia Dochi, da seção de administração e do trabalho da empreiteira E Mar, de Oyama (Tochigi), também confirma que a assiduidade no trabalho e o cumprimento nas fábricas são essenciais. “As pessoas precisam ser mais solidárias e a falta no serviço vai prejudicar seu colega de trabalho”, ressalta.
Uniforme da Fabrica
Cada fábrica tem suas próprias regras em relação ao uso e padronização do uniforme.
Dependendo da área de atuação, elas podem ser mais rígidas ou não. O setor de alimentação, por exemplo, costuma ter regras mais específicas. É proibido o uso de perfume forte, cabelos longos soltos e até anel. Já imaginou o problema que pode causar caso ocorra um incidente por falta de higiene. A fábrica pode ser multada e, dependendo da gravidade, até fechada. “Mesmo assim há brasileiros que se recusam a usar o uniforme corretamente”, afirma o chefe de seção Paulo Kakitsuka, da empreiteira Harigai, de Mitsukaido (Ibaraki). Às vezes, pode ser um detalhe aparentemente “bobo”, como deixar de colocar a camisa dentro da calça. Para os japoneses, isso significa desleixo. Se o funcionário é desleixado com sua roupa, vai ter o mesmo comportamento na produção. “Por isso quem segue as normas ganha confiança dos japoneses”, afirma Kakitsuka. E sinal de confiança significa ter a preferência na hora de fazer horas extras e até ser mantido quando a empresa faz um corte de funcionários.
Turno da Noite
O turno da noite costuma ser mais flexível, principalmente em relação aos pais que deixam o filho em casa. Mas não confunda maior liberdade com autorização para ser irresponsável. Uma empreiteira conta que precisou demitir uma funcionária que dormia em serviço.
Ela trabalhava à noite, das 17h às 5h, horário em que quase não havia chefes. “Uma vez a moça foi flagrada e alegou que estava com dor no pé, mas não adiantou”, conta a funcionária de uma empreiteira. “Algumas ficam a noite na internet, em casa, e depois vão trabalhar com sono, prejudicando a produção”, conta.
“Considero importante seguir a etiqueta de trabalho. Isso é até uma forma de respeito e educação. Como estou no Japão há nove anos, já me acostumei e acho tudo normal. Eu falo bom dia em japonês de manhã e faço o cumprimento na hora de ir embora para todos, mesmo que alguns não respondam. Também sempre utilizo o uniforme da empresa composto por calça, blusa, sapato e boné. Nos intervalos, a recomendação é para estar na linha antes do término do horário. Outra regra é o local determinado para poder utilizar o celular nos intervalos”.
Siga a Hierarquia
De acordo com Cecilia, também é preciso respeitar a hierarquia das empresas. Em alguns casos, o trabalhador está há muito tempo no serviço e acaba falando diretamente com os chefes, quando precisaria ter contato com o líder de linha primeiro. Na entrevista, ela nota o uso indiscriminado do telefone celular – alguns candidatos chegam a interromper a entrevista para falar ao celular. Resultado: a pessoa acaba reprovada no teste de seleção. Cecilia aponta que a grande vantagem em seguir a etiqueta no trabalho é garantir o próprio trabalho. “Em momentos de corte, a empresa vai decidir por aquele que mostrou mais esforço”, afirma. É um bom momento para você começar a cuidar da sua própria imagem
Espero q tenham gostado...e ate o Proximo Post...beijosss
pode ter o cabelo tingido no trabalho, em empreiteira japonesa?
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